domingo, 18 de janeiro de 2015

NA CARRETERA AUSTRAL (de Hornopirén ao Parque Queulat)

3 de janeiro de 2015

 De OSORNO a HORNOPIRÉN - 262 km rodados hoje, sendo 38 off road.
1) Deixamos Osorno por volta das 9h30 e seguimos em direção a Puerto Montt, onde fica o km zero da Carretera Austral (Ruta 7). Fizemos rápida entrada na cidade de Frutillar para fotografar o vulcão Osorno, nevado e envolto em nuvens, espelhado pelas águas do Lago Lhanquihue. 
2) Pelo caminho encontramos um motociclista solitário chileno, chamado ENRIQUE, que está nos acompanhando desde Puerto Montt. Ele nasceu em Concepción, mas mora em Santiago. Está numa Tiger 1200 da Triumph, a mesma moto que tenho em Brasília. Trata-se de uma pessoa inteligente, agradável, com muito interesse em culturas pré-colombianas, apaixonado por poesia e estradas, que também veio do mundo off road. Praticava Enduro até há pouco tempo. Considerando que meu parceiro Eduardo Arrivabene foi profissional em motocross, aparentemente sou o único amador no estilo fora-de-estrada no grupo. Agora estamos em três, e eu vou atrás comendo a poeira deixada pelas motos dos parceiros, tentando aprender com eles.
3) Pegamos um ferry boat de 45 minutos em Caleta La Arena e seguimos mais 60 km (38 de rípio) até Hornopirén, onde pernoitamos. O rípio (cascalho) foi tranquilo na maior parte do trajeto, mas houve cerca de 8 km com muitas pedras soltas, onde tivemos que ir bem devagar. O restante do trecho não pavimentado foi rodado entre 50 e 80 km/h. Bem tranquilo até aqui.
4) Temperaturas agradáveis até  o momento, com alguns trechos com sensação térmica entre 9 e 16 graus. Na maior parte do tempo fez calor, particularmente após Puerto Montt. 
Vamos às fotos de hoje. Estou postando em tamanho menor (clique nelas para AMPLIAR):

Vulcão Osorno, visto de Frutillar
Na travessia de Caleta La Arena


Como Enrique, na travessia de La Arena













No trecho de rípio

  

No rípio

Naviera Austral
Puerto Montt
Lago Lhanquihue
Hornopirén
Anoitecer em Hornopirén
4 de janeiro de 2015

De HORNOPIRÉN ao PARQUE QUEULAT (pernoite em La Junta) - Quilometragem de hoje: 221 km, sendo 139 no off road. Quilometragem acumulada desde Osorno: 483 km rodados, sendo 177 km off road.

1) Agora estamos viajando em quatro. Como já havia dito, desde ontem o chileno Enrique está viajando conosco. Hoje foi a vez do solitário Pascal, motociclista belga que viaja numa Honda Africa Twin com mais de 20 anos de existência, que juntou-se a nós desde Hornopirén. Pascal fala idioma flamenco e francês, mas tem um inglês excelente e bem fácil de entender. Nenhuma dificuldade de comunicação até aqui.
2) O cenário que nos envolve é de uma beleza impressionante. Não conseguimos ficar um minuto sequer sem dar de cara com belezas inigualáveis. Montanhas, lagos, cachoeiras, blocos de gelo, rios de coloração azul turqueza, fiordes, mares serenos e árvores centenárias. Tudo isso sob um céu de azul intenso, com sol a pino sobre nossas cabeças. Mesmo assim, prevalece o frio quando há exposição ao vento.
3) Hoje (dia 4) foi bastante exaustivo. Iniciamos o dia com a travessia de ferry boat entre Hornopirén-Leptefu (3h20) + 10 km de rípio até Fiordo Largo + outro ferry boat Fiordo Largo-Caleta Gonzado (45 min) + fila de espera, que resultaram mais de 5h de viagem.
4) Dos 58 km que separam Caleta Gonzalo de CHAITÉN, cerca de 47 km são de rípio totalmente esburacado. Não é à toa que os turistas preferem pegar uma embarcação direto para Chaitén, que evita 3 travessias e esta buraqueira medonha. Cada minuto hoje foi desgastante. Não só pelos buracos, mas pelo fato de eu estar levando duas bolsas grandes (com barraca, saco de dormir, muita roupa de frio, ferramentas etc.) presas por cordas e redes elásticas no banco da moto. O impacto causado por essas depressões na pista faz com que essas malas "balancem" para os lados, causando aquela sensação de insegurança. Por diversas vezes pensei que iria me estabacar no chão. Foi decepcionante saber que a buraqueira prevalece na Carretera (na parte não pavimentada). Creio que o governo chileno desistiu de soluções paliativas para concluir a pavimentação de toda a rodovia. Muitas obras em andamento. Quem vier para cá no ano que vem, provavelmente não verá mais rípio algum neste trecho.
4) Fiquei surpreso ao saber, in loco, que CHAITÉN não é mais uma cidade fantasma. Vale lembrar que esta cidade praticamente desapareceu do mapa depois da erupção do vulcão Chaitén, em 2008. As cinzas foram retiradas integralmente, embora ainda haja cenário de destruição bastante presente em algumas ruas.
5) Chegamos a LA JUNTA, uma cidade a 70 km do Parque Queulat, depois das 21h, sob chuva forte, com temperatura de 7 graus. A motocicleta do Arrivabene apresentou problemas e ficamos parados mais de 1 h na estrada. A moto apagava e não sustentava o giro, enquanto o motor dava "tiros" em meio a uma fumaça negra expelida pelo escapamento. De repente, não mais que de repente, depois de muita oração e pensamento positivo, a moto voltou a funcionar. Estranho, mas isso aconteceu mesmo.

Enrique, com ferry da Naviera Austral


Hornopirén com maré baixa

Nossos novos parceiros: Enrique (de preto) e Pascal (de vermelho)

Imagens da travessia de Hornopirén-Caleta Gonzado

Cachoeira pelo caminho
O grupo em Caleta Gonzalo, depois da travessia de barco



Eduardo Arrivabene numa ponte muito comum por aqui
O grupo: Flávio, Enrique, Pascal e Arrivabene

Imagens do caminho
5 de janeiro de 2015

NO PARQUE QUEULAT - 140 km rodados hoje, dos quais 108 km no rípio - Total a viagem: 623 km, com 285 km off road.

1) Saímos de La Junta para conhecer o Parque Queulat por volta das 9h. Deixamos a cidade com a intenção de fazer longa caminhada até o Ventisquero Colgante (foto da capa deste blog) e, por isso, vestimos roupas leves. Um frio de 12 graus (com sensação térmica próxima de zero) nos surpreendeu pelo caminho. Mas deu pra suportar!
2) O cenário do Parque é de floresta fechada, com muita umidade. Dizem por aqui que é praticamente idêntico ao do filme "Senhor dos Anéis". Esta região fica no mesmo Paralelo da Nova Zelândia (onde foi rodado o filme) e possui vegetação muito parecida. Não posso garantir isso, mas pensei que estava no próprio Paraíso Bíblico. Uma beleza de pirar!
3) Pegamos o pior trecho de rípio até agora. Muitas pedras do tamanho de um punho fechado, lama, buracos (milhares), poças d'água e obras com seus maquinários fizeram o trecho parecer maior do que os 70 km trafegados (só de ida). Parece que estou reclamando, não? Mas estou convicto que pilotar no rípio é algo fantástico, ainda mais trafegando dentro desse cenário maravilhoso da Ruta 7.
4) Hoje percebi uma falha no planejamento desta viagem (burrice total). Poderia ter pernoitado em Puyhuapi, que fica no caminho obrigatório do nosso destino, ao invés de ficar em La Junta. Puyhuapi está a 22 km do Parque Queulat e, como voltamos para nos hospedar novamente em La Junta, amanhã teremos que refazer o mesmo trecho de hoje, com todos os seus probleminhas. 
5) Aconteceu algo INACREDITÁVEL!!!!!! Conheci um casal de brasileiros no mirante do Ventiqueiro: Rogério Mourão e Adriana, que vivem em Belo Horizonte. Falei que eu era mineiro de Astolfo Dutra e ele falou o nome de algumas pessoas que conhecia de lá. Claro, quase todos parentes meus. O mais curioso é que quando falei do meu irmão Marco Túlio (que é professor na UFMG), quase caímos para trás. Eles haviam feito mestrado juntos em Florianópolis e continuam mantendo convivência próxima em BH. Êta mundo pequeno, sô!
Mas vamos às fotos de hoje:

Ventisquero Colgante


Ventisquero Colgante

Ventisquero Colgante

Depois de Puyhuapi

Floresta do Parque Queulat

Ventisquero Colgante

Rogério Mourão e Adriana (amigos de meu irmão em BH)
Arrivabene, chegando em Puyhuapi

28 comentários:

  1. Muito legal, Flávio! Adorei as fotos e os relatos! Saudacoes aos seus novos companheiros de viagem! E que mundinho pequeno mesmo esse de voce encontrar um conhecido do Marco Túlio por essas bandas! Um abracao e dias maravilhosos! Andréa

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  2. Que a Força esteja com vocês! Em frente, caras.
    EP

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  3. Belas paisagens. Tou na garupa. Vamo que vamos. Ans

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  4. Flávio, você tem o dom para os relatos de viagem, porque consegue transmitir com objetividade os detalhes da aventura de cada dia. Parabéns. As fotos estão lindas. Diria que o problema da moto do Arrivabene tende a ser elétrico, como mau contato de algum componente ou chicote ou bobina, porque voltou a funcionar. Tomara que não dê outra vez. Manda ver El Narigon!

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  5. Grandes parceiros, show de imagens e relato preciso como sempre. Parabéns, sigo com vocês nessa aventura.

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  6. Fumaça preta e estouros do motor? certeza que estava entrando água no sistema de admissão. Boa sorte.

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  7. Excelentes fotos! Nunca pensou em fazer dessas viagens um livro de contos?? E viva Astolfo Dutra!!!!

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  8. Desculpe, não me identifiquei... Comentário de 06/01/2015 - Bruno Grossi

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  9. Olá companheiros, não consegui postar anteriormente, mas nunca é tarde. Parabéns pela viagem, me traz boas lembranças pois a fiz em 2010 com a esposa, numa F 800 também alugada com a Sonia. Sorte.
    Oscar Fleury

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  10. Olá companheiros, não consegui postar anteriormente, mas nunca é tarde. Parabéns pela viagem, me traz boas lembranças pois a fiz em 2010 com a esposa, numa F 800 também alugada com a Sonia. Sorte.
    Oscar Fleury

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  11. Velho índio o " desbravador "!! Parabéns por mais esta aventura.Estamos curtindo muito os relatos e fotos. É isso aí, forte abraço e boa viagem!

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  12. Sempre com relatos e fotos maravilhosas!
    Viagem muito legal.
    Carlos Ivo.

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  13. Grande Flavio! Bom te ver em mais uma viagem. Afinal, a vida é isso! Sucesso e abração!

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  14. Gostei muito, Velho Índio, que aventura maravilhosa e que lugares lindos você tem passado. Deu vontade de pegar minha Garelli e ir atrás de você. Quem sabe na próxima. Vicente Sá

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  15. Caro Flávio,
    Mais uma viagem sensacional, que tudo corra bem e aproveitem muito.
    Lindas fotos. Concordo com o Bruno, deveria pensar em publicar um livro com todas essas aventuras e lindas fotos.
    Abração,
    Futuro

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  16. Flávio parabéns!
    Que grande viagem, quando crescer quero fazer uma dessa.
    Aproveite e continue mandando informações e fotos.
    Abs,
    Gilton Saback

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  17. Grande Flavio, estamos te acompanhando, belas fotos abs do Benini

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  18. Amigo Flávio, amigo Arrivabene, bela viagem! boas fotos e bons relatos, espero que fiquem bem até o final da viagem e retornem com muitas histórias para compartilhar! Estes cenários são incríveis, quero voltar a Ushuaia em breve, estou na estrada também, depois de Brasília Fortaleza, hoje estou em Maceío descendo pelo litoral, pretendo estar em Brasília dia 12. Abraço amigos

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  19. Outra coisa esta foto da apresentação do blog não está legal não, tira outra foto e façam de conta que estão felizes kkkkkkkkkk Abraços amigos!

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  20. Flavão, belos roteiro, relato e fotos. Desfrutem!!

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  21. Este comentário foi removido pelo autor.

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  22. Sensacional amigo farofa....excelente relato e belas paisagens.
    Se inveja matasse eu já era.
    Boa sorte e forte abraço.
    Gilson - presidente Águia Solitária

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  23. Este comentário foi removido pelo autor.

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  24. Beleza de viagem, nos sentimos participando. que continuem em paz e mandando relatos.
    Boa viagem.

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  25. Flávio, um grande abraço neste dia. Estamos com você sempre. Eunice/Londrina

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  26. Amigo Flávio, nossos sentimentos pela passagem da Dona Lila, que Deus a tenha; Seguimos juntos amigo, reta final! fotos maravilhosas, como sempre; Às Capelas de Mármores são demais!

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  27. Belo Trabalho Flavio, de garupa vamos contigo e seus amigos juntos até os confins do mundo.

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